Autora: Laurie H. Anderson
Ano: 2009
Editora: Novo Conceito
269 págs.
Juro que fiquei parado uns dois dias tentando escrever essa resenha, não por que o livro foi ruim, pelo contrario. O livro foi extremamente bom, do começo ao fim, eu fiquem sem palavras para descreve-lo por sua complexidade em um tema tão pesado, mas cá estou eu e trago a resenha desse fantástico livro.
"Até que ponto uma compulsão pode te levar? Você pode morrer de fome? SIM…"
Lia e Cassie são amigas desde a infância, cúmplices, irmãs, amigas. Cassie é encontrada morta em um quarto de motel. E havia ligado 33 vezes antes de morrer para Lia, que não a atendeu pois há alguns meses elas brigaram e Cassie deixou de falar com Lia.
Todos estão preocupados com Lia, pois ela nega que esse acontecimento a abalou. Estão preocupados pois Lia já foi internada.
"Acendo todas as luzes e me olho de relance no espelho (…) Bolhas amarelas de gordura estão se formando sob minha pele. Estou começando a ficar nojenta de novo.
::Estúpida/feia/estúpida/vaca/estúpida/gorda/estúpida/criançona /estúpida/perdedora/estúpida/perdida::"
Contar calorias, impor-se um regime cruel, autoflagelo. Uma aposta inocente vira uma doença.Sua obsessão pela magreza está descontrolada e agora ela vê Cassie aonde vai…em seu quarto…alucinações!
A falta de alimento vai deteriorando tudo, seu corpo, seu cérebro, tudo está morrendo… de fome. Chegando a um ponto sem volta.
Este livro deve ser lido não só por adolescentes mas pelos pais também. O perigo às vezes mora não ao lado, mas debaixo de nosso teto.
Transtornos alimentares, o comportamento destrutivo , podem ter como estopim, um trauma, uma separação, as incertezas da adolescência, pois se passa por muitas transformações físicas, hormonais, o cérebro fica a mil, cheio de inseguranças, medos infundados. A necessidade de ser aceito, ser o “padrão” esperado de beleza e comportamento. A maioria "sobrevive” sem desenvolver nenhum transtorno. Mas nem todos conseguem lidar com isso.
Bulimia, anorexia, autoflagelo, ter a visão distorcida de si. É muito grave. E a autora trata disso diretamente, acompanhamos os devaneios e a degradação física e mental de Lia até o ponto que pode ser o fim. As mentiras e encenações para burlar a vigilância dos pais e profissionais que a acompanham. Ela se agarrando aos devaneios e incoerências de seu cérebro que já está entrando em colapso.
"Tiro meu braço da água. É um tronco. Eu o coloco debaixo d’água e ele se incha e fica ainda maior. As pessoas veem o tronco e me chamam de vareta. Berram comigo porque eu não consigo ver o que elas veem. Ninguém consegue me explicar porque meus olhos funcionam de um jeito diferente. Ninguém consegue impedir isso."
Essa obra é reveladora. Esses problemas são mais comuns do que pensamos. A narrativa nos prende enquanto revela pouco a pouco a loucura tomando conta de tudo.
Não vou contar mais nada, leia. É intenso.
Recomendo!
Sinopse:
Lia e Cassie são amigas há anos, ambas congeladas em seus corpos. No entanto, em uma manhã, Lia acorda com a notícia de que Cassie está morta, e as circunstâncias de sua morte ainda são um mistério. Não bastasse isso, Cassie tentara falar com Lia momentos antes, para pedir ajuda. Lia tem de lidar com o pai, que é um renomado escritor, sua madrasta e a mãe, uma cardiologista que vive ocupada, salvando a vida dos outros. Contudo, seu maior tormento é a voz dentro de si mesma, que não a deixa se esquecer de manter o controle, continuar forte e perder mais, sempre perder mais, e pesar menos. Bem menos.
NOTA
Por: Jonathan Willian
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